sábado, 7 de abril de 2012

A páscoa não é uma instituição bíblica para nós cristãos.

        Por bíblico entenda de forma simplista aquilo que vem dá bíblia. Por instituição entenda aquilo que foi instituído, convencionado ou ,de forma simples, ordenado. Por instituição bíblica queremos dizer aquilo que Deus convenciona ou ordena através de sua palavra, a bíblia. Sabemos muito bem pelo relato do livro do êxodo que O Senhor instituiu a páscoa para o povo judeu para comemorar a saída deste povo do Egito (êxodo 12 e 13). Porém para nós cristãos, que não somos judeus, Deus não institui esta festa. Em nenhum lugar da bíblia Deus nós manda comemorar a páscoa.

       O apóstolo Paulo escreveu sobre a páscoa para os cristãos, sendo alguns deles judeus e outros não. Revestido essa festa de um novo significado, dando a está cerimônia uma ideia cristocêntrica, mas jamais ordenou  que os crentes celebrassem esse ritual.  Pois é a um ritual que Paulo no final das contas reduz essa celebração.


“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?
Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.” (1 Coríntios 5:6-8)

         No texto acima veja que Paulo usa a festa da páscoa como uma ilustração. Para argumentar que o cristão não deve mais viver uma vida de prostituição e não permitir a prostituição no meio da igreja. Leia o contexto de onde esse fragmento foi extraído.

       O novo testamento é claro a páscoa não é uma instituição bíblica valida para o cristão ela deve ser vista de forma figura através do prisma do sacrifício de cristo.

Leia como o apostolo João em seu evangélico identifica a páscoa como sendo uma festa dos judeus.


...E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. (João 6:4)

...E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. (João 2:13)

...E estava próxima a páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da páscoa para se purificarem. (João 11:55)


        Alguns comentaristas extremisam e dizem que a pascoa foi substituída pela santa ceia. Não chegamos a esse extremo. Mas é evidente que a pascoa não é uma instituição bíblica válida nos dias de hoje. Porem Jesus instituiu a santa ceia e essa celebração sim deve ser observada pela igreja. Infelizmente muitos cristãos em sua ignorância dão valor a uma celebração já não mais valida, a pascoa, e não dão valor a santa ceia do, festa que próprio Jesus instituiu.

 ...E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.Lucas 22:19

....E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. (1 Coríntios 11:24)

       A Páscoa para o cristão não é uma instituição, mas uma representação figurada da morte e ressurreição do senhor Jesus.

A concepção de cristo não foi por geração espontânea, mas um milagre de Deus.

      Muitos pregadores ao comentarem sobre a encarnação de cristo comentam sobre o conceito vindo da biologia sobre a concepção humana. No caso a natureza mostra que para o homem nascer precisa-se de um espermatozoide, da parte masculina, e óvulo, da parte feminina. Os pregadores, em sua maioria descartam o espermatozoide durante a concepção de Jesus. Visto que não houve relação sexual entre Maria e José antes do nascimento do senhor.

       A bíblia afirma que o nascimento do senhor se dá por uma intervenção divina, um milagre. Deus age de forma sobrenatural para trazer o nosso salvador ao mundo. Do ponto de vista bíblico a presença do óvulo feminino é também dispensando. Embora a bíblia não traga nenhuma explicação do ponto de vista cientifico, deixa claro que a mão de Deus interviu milagrosamente e sobrenatural no nascimento do Senhor Jesus.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O estudo revelação de Deus: uma poderosa chave hermenêutica. (Parte I)

       



          Por chave hermenêutica queremos falar de um pressuposto básico que nos orienta na interpretação da bíblia. Quando afirmamos que a bíblia é a inerrante palavra de Deus, estamos pressupondo que a bíblia é inspirada por Deus e não contem erros. Estamos garantindo sua particularidade e sua autoridade. Quando dizemos que somos da linha pentecostal e acreditamos na atualidade dos dons espirituais, estamos levantando um pressuposto que irá nos dá base para a interpretação de alguns livros da bíblia. Um estudo teórico da auto revelação de Deus deve ser considerado também como um pressuposto que servirá de base para o estudo das sagradas escrituras. Ou pelo menos como um pressuposto do método histórico-gramatical.
        Conhecer que Deus revela-se no contexto finito do homem e conhecer os limites da linguagem humana na tentativa de descrever Deus, que é uma realidade distinta do homem, deve ser tratado como um conceito que “antecede” o estudo da Bíblia. Quando escrevo antecede, Não quero dizer que uma pessoa que não conhece ou despreza esse principio não pode ler a bíblia. Mas quero dizer que deve anteceder como um pressuposto, a nível de uma linha teológica definida, como já citamos a linha pentecostal ou como a linha calvinista.
        Um exemplo simples: Na minha adolescência, lembro de um dos grandes temas-problemas da bíblia que era a passagem em Genesis que dizia que “Deus se arrependeu de ter criado o Homem”(Gênesis 6:6, Êx 32:14 e Números 23:19). Lembro que os adolescentes sempre levantavam essa questão na escola dominical. Será que Deus se arrepende como um ser humano? Mas ele é Deus onisciente e poderoso. Uma explicação que levasse em conta a revelação do Deus infinito no contexto finito dos Homens teria sido uma solução eficaz e suficiente diante das inúmeras e variadas respostas que eram elaboradas na época. Perguntas complicadas, como fato de Os patriarcas serem Polígamos, ou se um cristão pode ou não comer sangue, encontram, no estudo teórico da revelação Deus, uma resposta simples e significativa.  Por que os anjos sendo seres assexuados são descritos na bíblia como sendo homens (Lucas 20:35, Mt. 22:29-30).? Essa pergunta encontra reposta no principio da autoridade. Deus ao se revelar inicialmente ao homem o faz num contexto patriarcal onde o ser do sexo masculino era o representante social de maior valor, eram os homens que lutavam nas guerras, eram líderes de suas famílias, tribos e reinos, enquanto as mulheres tinham pouco ou nenhum valor. Para comunicar a existência de seus ministros como seres dotados de autoridade e poderio, dentro desse contexto patriarcal, Deus os revela no rótulo do gênero que se destacava mais, no caso, Como seres de sexo masculino, Mas através de uma analogia da autoridade,  poderio e culturalmente “superioridade” .
          Qualquer pessoa, nos dias atuais, que usa a bíblia para justificar uma superioridade racial ou de gênero, sem levar em conta esse principio da revelação, é ignorante. Nos dias atuais, o principio da autoridade, em boa parte do mundo, não está rotulado mais numa embalagem de gênero sexual, Mas está no rótulo financeiro.
          Por isso insistimos no “principio revelacional” como uma chave Hermenêutica. Para distinguimos o rótulo, Roupa, ou forma, da revelação do que é revelado, ou seja, a idéia. O que cultural, forma ou roupagem,  do que é universal, o que Deus realmente quer nos revelar acerca de si.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A classificação dos atributos de Deus

      Quem já leu alguns livros de teologia Já deve ter se deparado com as variadas nomenclaturas que designam os atributos de Deus. Vamos listar algumas classificações:
                                       
Relativos ou transitivos.
Absolutos ou imanentes.
Naturais ou morais.
Comunicáveis e incomunicáveis.

       Nos livros teologia sistemática do seguimento pentecostal ou da linha reformada é muito comum a classificação dos atributos em “naturais ou morais” e “comunicáveis e incomunicáveis”. Estas classificações levam em conta sempre um princípio básico: A relação de Deus com os homens.

      Como comentamos antes,  Deus se auto-revelou as suas criaturas. Não somente deu-se a conhecer,  mas se relaciona com as suas criaturas. Quando parte-se para a classificação dos atributos leva-se em conta esse relacionamento.

       Quando por exemplo falamos de atributos absolutos estamos falando daqueles atributos que pertencem à essência de Deus considerada em si mesma, ou seja, Levando em conta a natureza de Deus como referência, sem levar em conta as suas criaturas. Quando se fala de atributos relativos, fala-se da essência Deus tomando como referência as qualidades de suas criaturas. 

“A primeira classe inclui atributos como auto-existência, imensidade e eternidade; a outra, atributos como onipresença e onisciência. Esta divisão parece partir do pressuposto de que podemos ter algum conhecimento de Deus como Ele é em si mesmo, inteiramente à parte das relações que mantém com as Suas criaturas. Mas não é assim, e, portanto, falando com propriedade, todas as perfeições de Deus são relativas, indicando o que Ele é em relação ao mundo”
Berkhof , teologia sistemática, A doutrina de Deus , página 54.

         Um grande problema como Berkhof comenta é exatamente que essa classificação pressupõe que é possível ter um conhecimento de Deus fora de relacionamento de Deus com suas criaturas, Deus é tomado à parte, O que é complicado, pois sua auto revelação inclui um mínimo de relação, pelo menos no momento da revelação.

        Outro problema levantando por Berkhof é que algumas dessas classificações levam a um ceticismo, ou seja, exclui completamente a possibilidade do conhecimento de Deus. É caso da classificação em Imanentes, Que pertencem exclusivamente à natureza divina.

“Mas se alguns dos atributos divinos fossem puramente imanentes, todo conhecimento deles estaria excluído, ao que parece. H.B. Smith observa que cada um deles deve ser ao mesmo tempo imanente e transitivo.”
Berkhof , teologia sistemática, A doutrina de Deus , página 54.

           Assim a grande maioria dos livros de teologia sistemática opta pela classificação dos atributos em Naturais ou morais. No caso Berkhof prefere a classificação de comunicáveis e incomunicáveis. Há ainda uma crítica quanto a classificação em atributos morais,pois deixa a idéia de que há atributos em Deus não morais. Mas é que faz exatamente Henry Clarence Thiessen  em sua Palestras em teologia sistemática , muito conhecida comercialmente. Ele classifica os atributos em morais e não-morais.

“Como atributos não morais, queremos dizer aqueles predicados necessários da essência divina que não envolvem qualidades morais. Esses atributos são: Auto-Existência, Eternidade, Imensidão, Onipresença, Onisciência, Onipotência, Imutabilidade e Soberania.”
Palestras em teologia sistemática, Henry Clarence Thiessen.


          A grande questão nessa classificação como já comentamos está No relacionamento de Deus com suas criaturas. Sua revelação pressupõe um mínimo de relacionamento e proposições que trazem conhecimento a cerca de si mesmo. Logo essas classificações devem levar em conta todos esses princípios básicos.  

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Deus é simples?

            Quando partimos para a discussão sobre a simplicidade de Deus, partimos para uma análise do ser de Deus e seus atributos. No tópico “o ser de revelado em seus atributos” Louis Berkhof,em seu famoso livro de teologia sistemática , escreve:

          “Da simplicidade de Deus segue-se que Deus e Seus atributos são um. Não devemos considerar os atributos como outras tantas partes que entram na composição de Deus, pois, ao contrário dos homens, Deus não é composto de diversas partes. Tampouco devemos considerá-los como alguma coisa acrescentada ao Ser de Deus, embora o nome, derivado de ad e tribuere, pareça apontar nessa direção, pois nenhum acréscimo jamais foi feito ao Ser de Deus, que eternamente perfeito.”
                                                                 Berkhof, teologia sistemática, a doutrina de Deus pág44.
     

               Você já deve ter escutado um hino bastante conhecido intitulado “pregadores de Rosas” cujo refrão diz: “pregadores de rosas, preguem os espinhos também. Preguem que Deus é amor mais é justiça também.” Perceba na construção da ideologia regente por trás desse hino um conflito entre a justiça e o amor divino. No caso o conflito não se dá na mente dos pregadores de rosas, mas na divisão da natureza de Deus em justiça e amor.
           
              A discussão sobre a simplicidade de Deus leva-nos a refletir sobre a unidade da natureza Deus. Ouvimos falar muito sobre os atributos de Deus. Mas por trás desses chamados atributos há uma construção teológico-filosófica. Discutir sobre a simplicidade de Deus é abrir o canal para essa construção. Fugir dessa discussão é cair no pensamento popular, como descrito na canção, da concepção de oposição em entre justiça e amor em Deus. Em quanto na verdade amor e justiça em Deus encontram seus verdadeiros significados e são Harmônicos.
Sobre este fato comenta Augustos Hopkins Strong na sua famosa teologia:

       “Eles não são existências separadas. São atributos de Deus. Enquanto nos opomos ao ponto de vista nominalista que sustenta que eles são meros nomes com os quais, por necessidade de nosso pensamento, revestimos a essência divina simples, precisamos igualmente evitar o extremo realista oposto que faz deles partes separadas de um composto. Só podemos conceber os atributos como pertencendo a uma essência subjacentes que fornece sua base de unidade. Se apresentarmos Deus como um composto de atributos, pomos em perigo a unidade da divindade.”
STRONG, TEOLOGIA SISTEMÁTICA, ATRIBUTOS DE DEUS PAG 366.


              Deus é simples por que sua natureza é uma. Não há divisões em sua essência.  Quando falamos de atributos devemos expurgar e definir bem esse conceito quando o associamos ao ser de Deus. Porém devemos ter cuidado quando entramos na discussão sobre a simplicidade de Deus. Sobre isto escreve Strong:

             “A noção nominalista de que Deus é um ser de simplicidade absoluta e de que em sua natureza não há nenhuma distinção de qualidades ou poderes tende diretamente para o panteísmo; nega toda a realidade das perfeições divinas; ou, se estas, em qualquer sentido, ainda existem, exclui todo o conhecimento delas por parte dos seres finitos.”
Strong, teologia sistemática, Atributos de Deus, pág 364,

            Como Strong coloca, há sim distinções de qualidades na natureza divina, não distinção de natureza. Caso essas distinções não sejam feitas cairemos em um panteísmo. A essas distinções de qualidade damos o nome de atributos.

             O grande problema no meio evangélico contemporâneo está no fato de desconhecer Deus como simples, de natureza única, e os atributos como onisciência, onipresença, onipotência e etc.. Não são divisões da natureza divina, mas são distinções de qualidades nessa essência ou natureza.   Devemos dar maior valor à discussão a simplicidade da natureza divina para não reproduzir as velhas idéias de um conflito na natureza de Deus e observar que esse conflito só existe entre a nossa ignorância e a nossa disposição para a discussão teológica.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A revelação proposicional de Deus

           Por revelação proposicional entende-se que a auto-revelarão de Deus também foi feita através de palavras e palavras sugerem informações. Deus através de palavras humanas se comunica e se dá a conhecer ao homem.  Para ser mais claro Deus comunicou informações sobre ele mesmo. Há quem faça objeções ao afirmar que Deus não comunicou meras informações acerca de si mesmo, mas que ele comunicou a si próprio. Certamente Deus comunicou ele mesmo na sua revelação. Porém há uma sutileza no argumento daqueles que acreditam numa revelação não-proposicional.  A sutileza está na subjetividade que se dá a essa auto-revelação. Eles insistem em uma revelação pessoal. Também concordamos que Deus se revelou como pessoa, mas que também revelou informações sobre si mesmo.
          Infelizmente na atualidade esse tópico sobre a discussão da revelação pessoal e revelação proposicional (informações) não tem ganhado destaque. E o que se vê é um elemento subjetivo na teologia. Pois muitos dão atenção somente à revelação de Deus como pessoa e como discutimos no artigo “é possível falar acerca de Deus?” não fazem a devida qualificação da palavra “pessoa” e o resultado é que Deus é construído a imagem do homem. É necessário discutir-se na contemporaneidade as informações que Deus comunica sobre ele, ou seja, a revelação proposicional. É necessário também um elemento proposicional na “pregação moderna”. O que sugere uma ponte entre a teologia, a hermenêutica e a homilética.
     
       Observe o exemplo: Suponha que você é um empresário e precisa contratar alguém que administre suas finanças.  Você tem um amigo que é uma excelente pessoa, mas você contrataria esse seu amigo levando somente em conta o critério de pessoa? Obviamente que há a necessidade informações desse seu amigo como profissional não somente como pessoa.
    
“Crer é diferente de confiar!”

        Esse enunciado resume bem o quê queremos dizer. Eu posso confiar que meu amigo, no aspecto moral, não irá me roubar. Mas não acreditar em sua capacidade como gestor financeiro. Adquirir informações sobre ele enquanto gestor financeiro será um critério também indispensável para a sua contratação.

        A discussão sobre a revelação proposicional leva a ver que a nossa fé precisa de bases. E quando falamos de base, falamos de base teórica.  Daí essa discussão ser importante para teologia.

       Deus comunicou através de sua revelação sua pessoa, mas não somente isso, também comunicou informações sobre ele mesmo. A teologia sustenta-se sobre essas informações. Essas informações são as bases de nossas crenças e de nossa confiança em Deus.
     

Jeremias 9:23-24
"Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR".

Coríntios 2:12
Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.

Hebreus 3:10
Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos.

I João 5:20
E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

“é possível falar acerca de Deus?”

             Talvez muitas pessoas estranhem essa pergunta, Mas esse é um dos grandes temas da teologia.  Quando usamos a expressão “falar acerca de” ou “conversar acerca de Deus” significa construir uma linguagem que possa alcançar ao pé de igualdade Deus. O que é muito complicado, visto que Deus é uma realidade distinta da realidade humana e o homem em sua finitude, só pode construir uma linguagem finita. Deus é infinito. Uma linguagem finita não pode abranger ou transmitir algo infinito.  Assim os céticos desacreditam a teologia visto que ela não consegue abranger seu alvo de estudo, no caso Deus.
              Até mesmo a revelação que Deus faz acerca de si é posta em cheque. A bíblia por sua vez é reduzida ao um livro subjetivo e Bitolado no tempo e no espaço.

              Os teístas dão a resposta aos céticos afirmando ser possível construir uma linguagem teológica, ou religiosa,  através da qual seja possível falar acerca de Deus.

              A primeira resposta a ser analisada vem  através do chamado argumento é equivoco (dois significados). Onde distingui-se o significado de uma palavra quando aplicada a o homem de seu significado quando atribuída a Deus . Por exemplo: quando se afirma que Deus é bom. A palavra bondade quando aplicada a Deus tem significado diferente daquele quando aplicada ao homem. Mas essa forma de argumentar pode levar ao agnosticismo (corrente filosófica na qual o conhecimento não é possível). O que para os teístas não é desejado, visto que para o teísmo o conhecimento acerca de Deus é possível. Veja o que diz Norman L. Geisler em seu livro introdução a filosofia uma perspectiva cristã:

            “talvez a forma mais comum do argumento em prol da conversa equivoca sobre Deus seja a insistência que a conversa religiosa seja é puramente simbólica, mítica, parabólica, metafórica, e assim por diante. Alguns dizem que a linguagem religiosa contém “modelos” qualificados que são evocativos mas não descritivos. Outros consideram tal linguagem uma coletânea de cifras em código. Estes pensadores concordam que a conversa acerca de Deus não pode ser literal”   (Introdução à filosofia: Uma perspectiva cristã. Norman L. Geisler - Paul D. Feinberg, Vida Nova)

Em sua conclusão acerca desse argumento, escreve Geisler:


              “Há uma validade nesta posição. Em primeiro lugar, decerto a conversa simples, literal e não-qualificada do mundo finito não tem correspondência em pé de igualdade com o Deus finito e transcendente. Nenhum conceito finito pode captar o infinito. Em segundo lugar, a linguagem simbólica, ou seja, metáforas etc., desempenham um papel muito importante na linguagem religiosa. Ainda que não descreva literalmente a Deus, mesmo assim evoca uma resposta no leitor/ouvinte ao objeto da linguagem religiosa (deus). E visto que obter uma resposta do leitor ouvinte é um propósito importante da conversa sobre Deus, é essencial que o aspecto metafórico seja preservado.”

          Nessa argumentação deve-se evitar o agnosticismo (o não conhecimento de Deus), que é quase inevitável. Por isso muitos sugerem outra via de argumentação.


          Outra resposta é o argumento chamado de conversa unívoca.  Onde se tem em mente o significado de uma palavra é o mesmo quando aplicado a Deus ou ao homem. O que difere não é o significado, mas a qualidade da aplicação. Geisler afirma que deve haver uma qualificação do significado de uma palavra quando aplicado a Deus.

        “... por exemplo, o termo ser é definido como “aquilo que é” quando é usado ao homem, logo deve ser entendido com esse mesmo significado quando aplicado a Deus... mas esta definição, ou significado unívoco, não pode ser atribuído a Deus de uma maneira unívoca, ou seja: sem qualificação. Pois Deus não existe da mesma maneira que as criaturas existem.”

         Dessa distinção surge a chamada linguagem analógica onde os conceitos são definidos da mesma maneira, mas não qualificados da mesma maneira.

         Quando dizemos Deus é bom o conceito de bom deve ser o mesmo quando dizemos João é bom, porém devemos ter em mente que Deus é infinitamente o bom além do contexto. Dizemos que o ser humano é bom geralmente quando ele pratica uma boa ação, uma ação que todos desejam. Porém devemos entender que a bondade quando aplicada a Deus, vai além daquilo que todos desejam. Uma ação de Deus pode parecer estranha ao ser humano, mas ele ainda é bom.

        
             Em resumo conversa acerca de Deus é possível. Porém temos que ter em mente a limitação do vocabulário humano quando relacionado a Deus, como afirma argumento equivoco, e nessa conversa espera-se sempre uma resposta da parte do o homem. Do argumento unívoco e da analogia tem que as palavras humanas devem ser expurgadas de suas limitações através de uma qualificação. Estudar esse tópico na teologia é de suma importância nos dias de hoje. Visto que vivemos em uma época onde a teologia da prosperidade usa muitos termos teológicos, e até do próprio contexto atual, sem nem uma preocupação com uma análise desses termos.

Faça uma análise do que escrevemos comparando com o seguinte texto da bíblia:

I Coríntios 2. 1-14
       E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;  Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam;  Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;  A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.  Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.  As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.  Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Deus é outro?


                Martinho Lutero em seus escritos descreve Deus como Deus absconditus (Deus oculto) distinguindo Deus enquanto Deus revelatus (Deus revelado). Visto que  nem um ser, seja homem  ou seja anjo, pode conhecer plenamente Deus, é algo de sua essência ser “Incompreensível”. Ou seja, Deus é incompreensível por natureza.

Romanos 11:33
Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!

I Coríntios 2
Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.


          Como o segundo texto afirma o espírito de Deus é quem sonda as profundezas de Deus. Só Deus pode compreender o próprio Deus.

Jó 11.7-9
Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?  Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? É mais profunda do que o inferno, que poderás tu saber? Mais comprida é a sua medida do que a terra, e mais larga do que o mar.

              Um teólogo moderno bastante conhecido construiu sua teologia sobre esse fato. Karl Barth foi e ainda é um teólogo bastante polêmico. Amado por uns, odiado por outros. Barth descreve Deus como outro, Visto que nem uma criatura seria capaz de conhecê-lo em sua plenitude. Apesar de ter se revelado para o homem, ele ainda permanece incompreensível na sua totalidade, porque o homem é um ser limitado e Deus ilimitado.
Daí muitos teólogos contemporâneos chamam Barth de cético, pois segundo Barth os esforços humanos em conhecer Deus são inúteis.  O que podemos aproveitar de Barth é a parte de sua teologia que reprova Deus como mera construção das aspirações humanas, ou seja, Deus é visto como nada mais como um homem com superlativos.

“Deus não usa as vestimentas íntimas por cima das calças ou usa um S no peito”

Deus é uma realidade distinta de qualquer experiência humana. Deus é uma realidade fora da nossa realidade. Extremisa Barth: “Deus é outro!”.

            Vemos a transmissão das ansiedades humanas para o conceito de Deus na teologia da prosperidade. Deus é visto a partir do conceito de ser humano, humanismo, e não como uma realidade distinta. Os conceitos de soberania, onisciência e onipresença giram em torno das necessidades humanas e não como pertencentes à natureza de Deus. Veja o que está escrito na bíblia:

Isaias 40.18-26
A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?  O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de prata. O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não se apodrece; artífice sábio busca, para gravar uma imagem que não se pode mover. Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?  Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar; O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.  E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana. A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo.  Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará.

              Como comentamos na postagem anterior é quase um axioma saber que Deus revelou a si próprio dentro da construção sócio cultural do homem, Porém é um verdadeiro axioma saber que Deus é uma realidade distinta da nossa. Contudo não podemos cair em um ceticismo alegando que o conhecimento acerca de Deus é uma ilusão ou impossível.

Romanos 1:19
Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.

            Como o texto afirma o que podemos conhecer de Deus, tendo em vista as nossas limitações, ele revelou.

            Em resumo precisamos ter em mente que Deus é o revelador de si próprio.  os esforços humanos em busca de Deus são em vão se ele não quisesse se revelar. Apesar de Deus se revelar ao homem no contexto do homem para torna-se cognoscível, Ele está além de qualquer projeção ou abstração humana.

Efésios 6.17-21
Que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera. A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A auto revelação de Deus.

          Revelação é o ato pelo qual Deus dar-se a conhecer ao homem. Deus é o autor e o objeto da revelação, Ele revela a si mesmo. O homem por si só nunca poderia conhecer Deus por esforços próprios devido as suas limitações cognitivas e moral. Diz  aquele velho e conhecido jargão teológico:

“o finito não pode conter o infinito”
      
         Sendo o homem finito, limitado, e Deus infinito, sem limitações, jamais o homem pode conhecer Deus em sua plenitude. O quê o homem pode conhecer de Deus é exatamente aquilo que Deus quis revelar ao homem. 

João 3.26 e 27
        E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele. João respondeu, e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.

I Coríntios 13.12
         Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Romanos 1.19-21
        Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.  Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.

           Temos que ter em mente um detalhe muito importante acerca da revelação. Acerca disso formularemos a seguinte pergunta:

“como pode o infinito dar-se a conhecer ao finito?”


Resposta: simples, basta o infinito limitar-se ao contexto do finito.  É mais ou menos a idéia contida em filipenses capitulo 2 quando fala da encarnação de cristo:

Filipenses 2.5-8
       De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

          Limitar-se ao contexto do finito significa revelar-se dentro do contexto sócio cultural do homem.  Por que os anjos como Jesus falou são seres assexuados, mas são descritos na bíblia como homens? Perceba a que no contexto histórico da época as mulheres não tinham autonomia e autoridade, na maioria das sociedades antigas eram tratadas como mercadoria sem valor. A autoridade e a participação na construção social eram dos homens. Os anjos são descritos como seres dotados de poder e autoridade, logo dentro do contexto social e filosófico da época eles são descritos como Homens. Da mesma forma Deus é descrito como um homem, um varão, sentado em um alto trono para salientar sua autoridade e sua majestade.

Pergunto: Se Deus fosse revelar-se nos dias atuais como ele se revelaria?


               Uma observação. Deus já se revelou a nós no período compreendido pela bíblia. Qualquer revelação extra, o que é comum nos dias de hoje, deve ser rejeitada. Principalmente aquelas que contradizem a bíblia.

            Conseguindo fixar bem essa idéia em nossas mentes podemos resolver vários problemas básicos ao lermos a bíblia. Saber que Deus se revela no contexto do homem , caso contrario o homem não teria conhecimento de Deus, é uma chave essencial para compreender a bíblia. Veja o que diz a bíblia:


Êxodo: 23.16-23
           Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra? Então disse o SENHOR a Moisés: Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos, e te conheço por nome. Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer. E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.

           Perceba que Moisés quer conhecer Deus é conhecer nesse contexto significa ver Deus em forma física. Mas Deus afirma que ninguém que o veja ficará vivo. Perceba como o discurso é construído a limitação cognitiva do homem é igualada a sua mortalidade. Deus afirma a Moisés que ele o poderia ver pelas costas, mas não poderia ver ser seu rosto. Observe que ver o rosto de Deus no contexto é conhecê-lo plenamente. Podemos ver a limitação sócio cultural do discurso no texto.

         Se fosse nos dias atuais, vê o rosto de alguém não significa conhecê-lo plenamente. Nós temos uma expressão que resume bem o pensamento popular moderno: “quem ver cara não ver coração”. Aliás, nos dias modernos no modelo de filosofia analítica, que é a filosofia contemporânea, o primeiro passo é definir o termo conhecer.

            A revelação de Deus é uma matéria básica na Teologia. Saber que essa auto-revelação de Deus se deu no contexto sócio cultural do homem é quase um axioma.  Para concluir leia o texto:

João 3.11 e 12
               Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.  Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?