Martinho Lutero em seus escritos descreve Deus como Deus absconditus (Deus oculto) distinguindo Deus enquanto Deus revelatus (Deus revelado). Visto que nem um ser, seja homem ou seja anjo, pode conhecer plenamente Deus, é algo de sua essência ser “Incompreensível”. Ou seja, Deus é incompreensível por natureza.
Romanos 11:33
Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
I Coríntios 2
Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.
Como o segundo texto afirma o espírito de Deus é quem sonda as profundezas de Deus. Só Deus pode compreender o próprio Deus.
Jó 11.7-9
Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? É mais profunda do que o inferno, que poderás tu saber? Mais comprida é a sua medida do que a terra, e mais larga do que o mar.
Um teólogo moderno bastante conhecido construiu sua teologia sobre esse fato. Karl Barth foi e ainda é um teólogo bastante polêmico. Amado por uns, odiado por outros. Barth descreve Deus como outro, Visto que nem uma criatura seria capaz de conhecê-lo em sua plenitude. Apesar de ter se revelado para o homem, ele ainda permanece incompreensível na sua totalidade, porque o homem é um ser limitado e Deus ilimitado.
Daí muitos teólogos contemporâneos chamam Barth de cético, pois segundo Barth os esforços humanos em conhecer Deus são inúteis. O que podemos aproveitar de Barth é a parte de sua teologia que reprova Deus como mera construção das aspirações humanas, ou seja, Deus é visto como nada mais como um homem com superlativos.
“Deus não usa as vestimentas íntimas por cima das calças ou usa um S no peito”
Deus é uma realidade distinta de qualquer experiência humana. Deus é uma realidade fora da nossa realidade. Extremisa Barth: “Deus é outro!”.
Vemos a transmissão das ansiedades humanas para o conceito de Deus na teologia da prosperidade. Deus é visto a partir do conceito de ser humano, humanismo, e não como uma realidade distinta. Os conceitos de soberania, onisciência e onipresença giram em torno das necessidades humanas e não como pertencentes à natureza de Deus. Veja o que está escrito na bíblia:
Isaias 40.18-26
A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis? O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de prata. O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não se apodrece; artífice sábio busca, para gravar uma imagem que não se pode mover. Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra? Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar; O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra. E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana. A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo. Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará.
Como comentamos na postagem anterior é quase um axioma saber que Deus revelou a si próprio dentro da construção sócio cultural do homem, Porém é um verdadeiro axioma saber que Deus é uma realidade distinta da nossa. Contudo não podemos cair em um ceticismo alegando que o conhecimento acerca de Deus é uma ilusão ou impossível.
Romanos 1:19
Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
Como o texto afirma o que podemos conhecer de Deus, tendo em vista as nossas limitações, ele revelou.
Em resumo precisamos ter em mente que Deus é o revelador de si próprio. os esforços humanos em busca de Deus são em vão se ele não quisesse se revelar. Apesar de Deus se revelar ao homem no contexto do homem para torna-se cognoscível, Ele está além de qualquer projeção ou abstração humana.
Efésios 6.17-21
Que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera. A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.
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