segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O estudo revelação de Deus: uma poderosa chave hermenêutica. (Parte I)

       



          Por chave hermenêutica queremos falar de um pressuposto básico que nos orienta na interpretação da bíblia. Quando afirmamos que a bíblia é a inerrante palavra de Deus, estamos pressupondo que a bíblia é inspirada por Deus e não contem erros. Estamos garantindo sua particularidade e sua autoridade. Quando dizemos que somos da linha pentecostal e acreditamos na atualidade dos dons espirituais, estamos levantando um pressuposto que irá nos dá base para a interpretação de alguns livros da bíblia. Um estudo teórico da auto revelação de Deus deve ser considerado também como um pressuposto que servirá de base para o estudo das sagradas escrituras. Ou pelo menos como um pressuposto do método histórico-gramatical.
        Conhecer que Deus revela-se no contexto finito do homem e conhecer os limites da linguagem humana na tentativa de descrever Deus, que é uma realidade distinta do homem, deve ser tratado como um conceito que “antecede” o estudo da Bíblia. Quando escrevo antecede, Não quero dizer que uma pessoa que não conhece ou despreza esse principio não pode ler a bíblia. Mas quero dizer que deve anteceder como um pressuposto, a nível de uma linha teológica definida, como já citamos a linha pentecostal ou como a linha calvinista.
        Um exemplo simples: Na minha adolescência, lembro de um dos grandes temas-problemas da bíblia que era a passagem em Genesis que dizia que “Deus se arrependeu de ter criado o Homem”(Gênesis 6:6, Êx 32:14 e Números 23:19). Lembro que os adolescentes sempre levantavam essa questão na escola dominical. Será que Deus se arrepende como um ser humano? Mas ele é Deus onisciente e poderoso. Uma explicação que levasse em conta a revelação do Deus infinito no contexto finito dos Homens teria sido uma solução eficaz e suficiente diante das inúmeras e variadas respostas que eram elaboradas na época. Perguntas complicadas, como fato de Os patriarcas serem Polígamos, ou se um cristão pode ou não comer sangue, encontram, no estudo teórico da revelação Deus, uma resposta simples e significativa.  Por que os anjos sendo seres assexuados são descritos na bíblia como sendo homens (Lucas 20:35, Mt. 22:29-30).? Essa pergunta encontra reposta no principio da autoridade. Deus ao se revelar inicialmente ao homem o faz num contexto patriarcal onde o ser do sexo masculino era o representante social de maior valor, eram os homens que lutavam nas guerras, eram líderes de suas famílias, tribos e reinos, enquanto as mulheres tinham pouco ou nenhum valor. Para comunicar a existência de seus ministros como seres dotados de autoridade e poderio, dentro desse contexto patriarcal, Deus os revela no rótulo do gênero que se destacava mais, no caso, Como seres de sexo masculino, Mas através de uma analogia da autoridade,  poderio e culturalmente “superioridade” .
          Qualquer pessoa, nos dias atuais, que usa a bíblia para justificar uma superioridade racial ou de gênero, sem levar em conta esse principio da revelação, é ignorante. Nos dias atuais, o principio da autoridade, em boa parte do mundo, não está rotulado mais numa embalagem de gênero sexual, Mas está no rótulo financeiro.
          Por isso insistimos no “principio revelacional” como uma chave Hermenêutica. Para distinguimos o rótulo, Roupa, ou forma, da revelação do que é revelado, ou seja, a idéia. O que cultural, forma ou roupagem,  do que é universal, o que Deus realmente quer nos revelar acerca de si.

Nenhum comentário:

Postar um comentário