Quando partimos para a discussão sobre a simplicidade de Deus, partimos para uma análise do ser de Deus e seus atributos. No tópico “o ser de revelado em seus atributos” Louis Berkhof,em seu famoso livro de teologia sistemática , escreve:
“Da simplicidade de Deus segue-se que Deus e Seus atributos são um. Não devemos considerar os atributos como outras tantas partes que entram na composição de Deus, pois, ao contrário dos homens, Deus não é composto de diversas partes. Tampouco devemos considerá-los como alguma coisa acrescentada ao Ser de Deus, embora o nome, derivado de ad e tribuere, pareça apontar nessa direção, pois nenhum acréscimo jamais foi feito ao Ser de Deus, que eternamente perfeito.”
Berkhof, teologia sistemática, a doutrina de Deus pág44.
Você já deve ter escutado um hino bastante conhecido intitulado “pregadores de Rosas” cujo refrão diz: “pregadores de rosas, preguem os espinhos também. Preguem que Deus é amor mais é justiça também.” Perceba na construção da ideologia regente por trás desse hino um conflito entre a justiça e o amor divino. No caso o conflito não se dá na mente dos pregadores de rosas, mas na divisão da natureza de Deus em justiça e amor.
A discussão sobre a simplicidade de Deus leva-nos a refletir sobre a unidade da natureza Deus. Ouvimos falar muito sobre os atributos de Deus. Mas por trás desses chamados atributos há uma construção teológico-filosófica. Discutir sobre a simplicidade de Deus é abrir o canal para essa construção. Fugir dessa discussão é cair no pensamento popular, como descrito na canção, da concepção de oposição em entre justiça e amor em Deus. Em quanto na verdade amor e justiça em Deus encontram seus verdadeiros significados e são Harmônicos.
Sobre este fato comenta Augustos Hopkins Strong na sua famosa teologia:
“Eles não são existências separadas. São atributos de Deus. Enquanto nos opomos ao ponto de vista nominalista que sustenta que eles são meros nomes com os quais, por necessidade de nosso pensamento, revestimos a essência divina simples, precisamos igualmente evitar o extremo realista oposto que faz deles partes separadas de um composto. Só podemos conceber os atributos como pertencendo a uma essência subjacentes que fornece sua base de unidade. Se apresentarmos Deus como um composto de atributos, pomos em perigo a unidade da divindade.”
STRONG, TEOLOGIA SISTEMÁTICA, ATRIBUTOS DE DEUS PAG 366.
Deus é simples por que sua natureza é uma. Não há divisões em sua essência. Quando falamos de atributos devemos expurgar e definir bem esse conceito quando o associamos ao ser de Deus. Porém devemos ter cuidado quando entramos na discussão sobre a simplicidade de Deus. Sobre isto escreve Strong:
“A noção nominalista de que Deus é um ser de simplicidade absoluta e de que em sua natureza não há nenhuma distinção de qualidades ou poderes tende diretamente para o panteísmo; nega toda a realidade das perfeições divinas; ou, se estas, em qualquer sentido, ainda existem, exclui todo o conhecimento delas por parte dos seres finitos.”
Strong, teologia sistemática, Atributos de Deus, pág 364,
Como Strong coloca, há sim distinções de qualidades na natureza divina, não distinção de natureza. Caso essas distinções não sejam feitas cairemos em um panteísmo. A essas distinções de qualidade damos o nome de atributos.
O grande problema no meio evangélico contemporâneo está no fato de desconhecer Deus como simples, de natureza única, e os atributos como onisciência, onipresença, onipotência e etc.. Não são divisões da natureza divina, mas são distinções de qualidades nessa essência ou natureza. Devemos dar maior valor à discussão a simplicidade da natureza divina para não reproduzir as velhas idéias de um conflito na natureza de Deus e observar que esse conflito só existe entre a nossa ignorância e a nossa disposição para a discussão teológica.
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