Quem já leu alguns livros de teologia Já deve ter se deparado com as variadas nomenclaturas que designam os atributos de Deus. Vamos listar algumas classificações:
Relativos ou transitivos.
Absolutos ou imanentes.
Naturais ou morais.
Comunicáveis e incomunicáveis.
Nos livros teologia sistemática do seguimento pentecostal ou da linha reformada é muito comum a classificação dos atributos em “naturais ou morais” e “comunicáveis e incomunicáveis”. Estas classificações levam em conta sempre um princípio básico: A relação de Deus com os homens.
Como comentamos antes, Deus se auto-revelou as suas criaturas. Não somente deu-se a conhecer, mas se relaciona com as suas criaturas. Quando parte-se para a classificação dos atributos leva-se em conta esse relacionamento.
Quando por exemplo falamos de atributos absolutos estamos falando daqueles atributos que pertencem à essência de Deus considerada em si mesma, ou seja, Levando em conta a natureza de Deus como referência, sem levar em conta as suas criaturas. Quando se fala de atributos relativos, fala-se da essência Deus tomando como referência as qualidades de suas criaturas.
“A primeira classe inclui atributos como auto-existência, imensidade e eternidade; a outra, atributos como onipresença e onisciência. Esta divisão parece partir do pressuposto de que podemos ter algum conhecimento de Deus como Ele é em si mesmo, inteiramente à parte das relações que mantém com as Suas criaturas. Mas não é assim, e, portanto, falando com propriedade, todas as perfeições de Deus são relativas, indicando o que Ele é em relação ao mundo”
Berkhof , teologia sistemática, A doutrina de Deus , página 54.
Um grande problema como Berkhof comenta é exatamente que essa classificação pressupõe que é possível ter um conhecimento de Deus fora de relacionamento de Deus com suas criaturas, Deus é tomado à parte, O que é complicado, pois sua auto revelação inclui um mínimo de relação, pelo menos no momento da revelação.
Outro problema levantando por Berkhof é que algumas dessas classificações levam a um ceticismo, ou seja, exclui completamente a possibilidade do conhecimento de Deus. É caso da classificação em Imanentes, Que pertencem exclusivamente à natureza divina.
“Mas se alguns dos atributos divinos fossem puramente imanentes, todo conhecimento deles estaria excluído, ao que parece. H.B. Smith observa que cada um deles deve ser ao mesmo tempo imanente e transitivo.”
Berkhof , teologia sistemática, A doutrina de Deus , página 54.
Assim a grande maioria dos livros de teologia sistemática opta pela classificação dos atributos em Naturais ou morais. No caso Berkhof prefere a classificação de comunicáveis e incomunicáveis. Há ainda uma crítica quanto a classificação em atributos morais,pois deixa a idéia de que há atributos em Deus não morais. Mas é que faz exatamente Henry Clarence Thiessen em sua Palestras em teologia sistemática , muito conhecida comercialmente. Ele classifica os atributos em morais e não-morais.
“Como atributos não morais, queremos dizer aqueles predicados necessários da essência divina que não envolvem qualidades morais. Esses atributos são: Auto-Existência, Eternidade, Imensidão, Onipresença, Onisciência, Onipotência, Imutabilidade e Soberania.”
Palestras em teologia sistemática, Henry Clarence Thiessen.
A grande questão nessa classificação como já comentamos está No relacionamento de Deus com suas criaturas. Sua revelação pressupõe um mínimo de relacionamento e proposições que trazem conhecimento a cerca de si mesmo. Logo essas classificações devem levar em conta todos esses princípios básicos.